15 de out. de 2009

Múltiplas linguagens

Lançado no país em 2003 pela editora Conrad, The Photographer é um belo exemplo de nova narrativa jornalística.

A obra, em três volumes, mistura jornalismo e fotografia em preto e branco com a linguagem ágil dos quadrinhos para retratar uma história vivida, fotografada e contada por Didier Lefèvre, escrita e desenhada por Emmanuel Guibert, diagramada e colorida por Frédéric Lemercier.

O pano de fundo é a invasão do Afeganistão pela União Soviética, nos anos 80. Acompanhando uma caravana da ONG Médicos Sem Fronteiras, o livro mostra a trajetória de Didier, a partir da França, de onde saiu em 1986 com quatro câmeras fotográficas na mão, passando pelo Paquistão e culminando na caravana de médicos ao Afeganistão. Além de levar suprimentos, a caravana estava acompanhada dos "mujahidin", guerrilheiros afegãos que na época lutavam contra a invasão soviética.
Um ponto alto é o contato que Lefèvre tem com um repórter alsaciano que faz reportagens especiais para a Der Spiegel e Stern. Colecionador de câmeras Leica, o homem tem um fantástico aparato tecnológico e financeiro para trabalhar – chega a distribuir dezenas de câmeras de vídeo Super-8 entre comandantes mujahidin e volta para buscá-las seis meses depois. É assim que consegue imagens fantásticas, execuções de prisioneiros russos, tortura, coisas assim. Lefèvre sente-se apenas um amador, perto daquele mercenário da notícia.“Por trás desse homem existe um comprometimento político. Aquele dinheiro todo não vem do jornalismo, não é possível”, reflete.

A série ganhou, em janeiro de 2007, o Angoulême, mais importante prêmio de quadrinhos da Europa. Lefèvre morreu algumas semanas depois, aos 49 anos, vítima de um ataque cardíaco.

(Referência: Webmanario)

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