11 de out. de 2010

A Arte da Rebeldia


Filho de Ai Qing, um dos mais renomados poetas modernos da China, Ai Weiwei nasceu em Pequim, em 1957. Artista, arquiteto, fotógrafo e curador, é também conhecido por seu engajamento na luta pelos direitos humanos. Em seu trabalho, o artista faz uso de elementos tradicionais da cultura chinesa, mesclando-os com um estilo moderno, de maneira bastante provocativa.


Um dos idealizadores do "Estádio Nacional Ninho de Pássaro" em Pequim, Weiwei  sequer foi convidado para a inauguração. Motivo: com sua arte vem denunciando problemas atuais da China, o que o tornou inimigo do governo.

"Na China, a decisão de ser artista já é política”, diz ele. E Weiwei não se faz de rogado, como você pode ver abaixo:

Em uma série de fotografias (publicadas entre 1995 e 2003), levanta o seu dedo do meio a monumentos como a Praça da Paz Celestial, em Pequim, onde aconteceu o massacre de estudantes que protestavam em 1989.
Noventa mil pessoas morreram no terremoto de Sichuan em maio de 2008. Muitas eram crianças que  estavam nas chamadas "escolas de areia".  A cobra pregada ao teto é feita com mochilas, 
uma lembrança da causa das crianças que ele não quer deixar morrer.
Forever - Homenagem às bicicletas, que estão desaparecendo 
à medida em que a China se moderniza
“Dropping a Han Dinasty Urn” (Derrubando um vaso da dinastia Han), contudo, talvez seja a obra mais impactante de Weiwei. Trata-se de um conjunto de três fotos que mostram o artista em momentos diferentes: segurando o vaso, soltando o vaso, e o vaso se estatelando em pedacinhos no chão.


O tal vaso tinha dois mil anos! Puro vandalismo? Rebeldia? A explicação é um tantinho mais complicada. Weiwei queria mostrar que novas ideias surgem quando quebramos conceitos antigos.


A arte de Weiwei pode ser vista pela primeira vez em solo brasileiro na 29ª Bienal de São Paulo, com a obra Circle of Animals - um trabalho inédito que toma como referência o conjunto de cabeças de bronze originalmente situadas no antigo palácio imperial de verão em Pequim e que representam as doze figuras do zodíaco. Foram comissionadas pelo imperador Manchu Qianlong no século 18 e desenhadas pelos jesuítas Michel Benoist e Giuseppe Castiglioni como peças centrais do relógio de água do palácio. Parcialmente destruídas pelos exércitos inglês e francês durante a Segunda Guerra do Ópio, sua arqueologia e recuperação foram recentemente priorizadas no quadro de uma política de propaganda e do nacionalismo que cresce paralelamente ao progresso econômico do país.

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