3 de mar. de 2009

...Há dois anos e meio atrás, Bruno Davert era um profissional realizado, marido exemplar e pai de família feliz. Trabalhava há doze anos na mesma indústria de papel, o que lhe permitia manter um nível de vida alto, com a casa e o carro dos sonhos da classe média. A mudança da sede da empresa para o leste europeu, para cortar os custos, elimina o emprego de Bruno. Ele se vê submetido ao humilhante ritual do envio de currículos que quase nunca recebem respostas e das entrevistas de seleção cheias de 'truques'. E sucessivamente fracassa. Bruno entra, então, em um processo lento e gradual de loucura. Convence-se de que o único modo de obter um novo emprego é acabar com a concorrência – o que ele faz, literalmente, matando um a um executivos desempregados de perfil semelhante ao seu. Eis a sinopse de 'O Corte', obra do sempre polêmico Costa Gavras. Se você ainda não assistiu, não perca mais tempo e alugue ou compre o filme.


Mas por quê estou falando sobre isso? O fato é que o filme me veio imediatamente à cabeça quando me deparei com um post publicado no Adivertido sobre o caso do jovem francês Yannick Miel. Não, Miel não saiu matando pessoas por aí, mas sua iniciativa atesta de forma cabal o desespero por uma vaga no mercado de trabalho, sobretudo em momentos de crise como esse.

Yannick criou uma página no eBay (expirada), famoso portal de leilões da internet, e se colocou à venda no portal. Simples assim. Após cinco meses desempregado, passando por mais de 20 entrevistas frustradas, decidiu “provocar” o mercado, e acabou gerando muita polêmica na França.

Aos 23 anos, formado em Direito e com dois mestrados, um dos quais em economia e gestão, ele decidiu pôr à venda a sua capacidade de trabalho e, ao que consta, o leilão não lhe correu mal, tendo os lances atingido cifras expressivas, de acordo com vários "printscreens" da página. Blogs, sites, jornais e revistas do país (e do mundo), acabaram mencionando o que Yannick havia feito.

No seu texto de apresentação – com o título “jovem licenciado à venda” e o subtítulo “uma oferta excepcional” – Yannick aproveitou ainda para denunciar a falta de discussão acerca do desemprego entre os jovens formados... Em pouco tempo, uma empresa de recrutamento de jovens franceses, acabou lhe oferecendo um emprego experimental de três meses.

O caso foi pouco comentado no Brasil, que na semana passada vivia intensamente o período de Carnaval.

Fica o registro.

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