Inspirado no nome de uma geringonça fake desenvolvida no século XVIII que se dizia apta a vencer os maiores enxadristas da época, o projeto Mechanical Turk, criado em 2005 pela Amazon, é uma espécie de classificados online de pequenos serviços. Qualquer pessoa pode ganhar alguns centavos de dólar desempenhando tarefas como classificar websites, catalogar imagens com tags, fazer buscas em bases de dados, transcrever podcasts, identificar objetos em imagens de vídeo, resumir ou parafrasear fragmentos de texto – atividades que, em sua maioria, são de difícil execução para um computador, mas bastante simples para um ser humano.
O funcionamento do MTurk é bem básico. Dentre as diversas tarefas publicadas no site, você escolhe uma ou várias, realiza e pronto. Os solicitantes, então, avaliam seu trabalho e lhe remuneram. Aos residentes nos Estados Unidos, os pagamentos são feitos normalmente em cheque, já os estrangeiros apenas podem "optar" por trocar os seus ganhos por vale-compras na própria Amazon.
Além de oferecer às empresas um manancial de teletrabalhadores dispostos a executarem pequenas tarefas, o Amazon Mechanical Turk vem se tornando um grande exemplo do uso de crowdsorcing. Why are you here, right now?, um dos projetos pioneiros baseados na ferramenta, gerou uma publicação onde mil pessoas oriundas de todas as partes do mundo responderam à questão que dá nome ao livro pelo preço de um centavo de dólar. A obra foi editada e organizada em um período de 50 dias.
A ideia que motivou a criação do Mechanical Turk, diga-se de passagem, surgiu da necessidade da Amazon em resolver o problema de produtos duplicados em sua loja. O sucesso ao longo destes cinco anos é inegável: mais de cem mil ‘trabalhadores’ cadastrados em 200 países.
Um grande adepto do MTurk é o designer do Google Creative Lab Aaron Koblin, especialista em “transformar montanhas de dados em coisas legíveis”, que ficou conhecido recentemente pela participação no desenvolvimento do “filme interativo em HTML5″ The Wilderness Downtown, feito para a música We Used To Wait, do grupo Arcade Fire. Em Bicycle Built for Two Thousand, por exemplo, Koblin coletou trechos contendo vozes de 2.088 pessoas de 71 países do mundo que, quando unidas, formavam a canção “Daisy Bell”, do inglês Harry Dacre. O curioso é que cada participante apenas repetiu um barulho que ouvia, sem ter ideia de que aquilo viraria música. Já em Johnny Cash Project, cada envolvido fazia um desenho que formaria uma sequência com os demais, gerando um videoclipe para a música “Ain’t no Grave”, canção inédita do cantor lançada em álbum póstumo (American VI) no início deste ano.
Outro que vem tendo grandes resultados na utilização da ferramenta é o ProPublica, uma das mais notáveis empreitadas na produção de jornalismo investigativo independente, que, inclusive, acaba de elaborar um guia de utilização do MTurk na área. Vale a pena dar uma olhada.
Quem sabe, enfim, alguém não replica a iniciativa por aqui...
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